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Thursday, June 14, 2007

"ENCANTAMENTO SEM ESTÍMULO PRÉVIO"


Sim, esta a capacidade de "encantamento sem estímulo prévio" do qual Martha Medeiros fala logo mais abaixo, que deveríamos ter, para podermos avaliar com critérios justos todas as formas de arte. E então não só bastam talento e esforços em nome de um aprimoramento de tecnica, inspiração e dedicação, e energia de amor, no que fazemos? Infelizmente o que acontece é que somos levados a acolher e escolher aquilo que a mídia e a imprensa de uma forma geral aclama, o que tem já consagração e reconhecimento público, como é ilustrado abaixo neste texto que ora transcrevo.
O VIOLINISTA NO METRÔ
texto de Martha Medeiros
Aconteceu em janeiro.
O jornal Washington Post convidou um dos maiores violinistas do mundo, Joshua Bell, para tocar numa estação de metrô da capital americana, a fim de testar a reação dos transeuntes.
Desafio aceito, lá foi Bell, de jeans e camiseta, às oito da manhã, o horário mais movimentado da estação, para tocar no seu Stradivárius de 1.713 (avaliado em mais de US$ 3 milhões), melodias de Bach e Shubert.
Passaram por êle 1.097 pessoas; sete pararam alguns minutos para ouví-lo. 27 largaram lá algumas moedas, e uma única mulher o reconheceu, porque havia estado em um dos seus concertos, cujo valor médio do ingresso é de US$ 100.
Todos os outros usuários do metrô estavam com pressa demais para perceber que ali, a dois metros de distância, tocava um instrumentista clássico, respeitado internacionalmente.
Não me surpreende.
Vasos da dinastia Ching, de valor incalculável, seriam considerados quinquilharias, se misturados à quaisquer outros numa feira de artesanato ao ar livre.
Uma jóia rara correria o risco de ser ignorada se fosse exposta numa lojinha de bijuterias, e ninguém pagaria mais de R$ 40 por uma escultura do mestre Aleijadinho, que estivesse misturada a anjos de gêsso vendidos na beira da estrada.
Desinformados, raramente conseguimos destacar o raro do medíocre.
Esta história do violinista demonstra que não estamos preparados para a beleza pura: é preciso um mínimo de conhecimento para valorizá-la. E demonstra também que temos sido treinados para gostar do que todo mundo conhece.
Se uma atriz é muito comentada, se uma peça é muito badalada, se uma música é muito tocada no rádio, estabelece-se que elas são um sucesso e ninguém questiona. São consumidas mais pela insistência do que pela competência, enquanto que competentes holofotes passam despercebidos.
Gostaria muito de ter circulado pela estação de metrô, em que tocava Joshua Bell. Não por admirá-lo: prá ser franca, nunca ouvi falar desse cara. O que eu queria era testar minha capacidade de encantamento, sem estímulo prévio. Se ainda consigo destacar o raro sem que ninguém o anuncie. Tenho a impressão de que eu pararia para escutá-lo, mas talvez eu esteja sendo otimista. Vai ver eu também passaria apressada, sem me dar conta do tamanho do meu atraso.
Meus links no youtube:


3 comments:

Ligia Nogueira said...

A cada instante,saõ lançados "artistas",levados por um rosto,corpo bonitos,nos contaminando com mediocridade.
E os verdadeiros artistas,que se dedicam, qu possuem o dom de encantar saõ deixados em segundo plano.
È preciso mudar ,é preciso não termos vergonha de opinar sobre o que gostamos,e lutarmos por uma cultura verdadeira ao alcance de todos.Só,assim a capacidade de discernimento brotará.
Enquanto isso,continue encantando os de bom gosto!
LIgia

Luiz Alberto Machado said...

Maravilhoso este seu espaço, amigalinda, especialmente apaixonante. Vou indicá-lo nas minhas páginas.
Beijabrações & sucesso
www.luizalbertomacahdo.com.br

Unknown said...

Querida Gwendolyn,
Estou navegando len-ta-men-te no seu site. Aproveitando cada frase, cada, cada som....ao máximo
Fico muito feliz em saber da pareticipaçãod e vocês na festa do Petroclube(20.2007) que vai beneficiar as crianças assistidas pelo GACC. Que bacana, que lindo...isso só acrescenta. Essa é a Gwendolyn que conheço!!!Farei todo o possível pra marcar presença Eu, meus filhos e uns amigos. Já estou até vendo a turma animada, no clima dos anos 60!!
Li também a sua introdução e o texto de Zuenir...muito bons.
vou retornar ao site e saborear um pouco mais das novidades.
um grande abraço,
Rísia Rodrigues