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Saturday, September 02, 2006

O PODER DAS CANÇÕES DE NINAR

Tudo o que se relaciona com a musica realmente me interessa, e o poder que ela exerce na transformação do indivíduo, já comentamos aqui. Mas realmente fiquei muito impressionada com um relato de um anônimo que recebi hoje por e-mail, que me foi enviado por uma amiga, e aqui transcrevo para reflexão:
"Eu, um Brasileiro morando nos Estados Unidos da América, para ajudar no orçamento, estou fazendo "bico" de babá e estudante. Ao cuidar de uma das meninas de quem eu "teoricamente" tomo conta, uma vez cantei "Boi da cara preta" para ela, antes dela dormir. Ela adorou e essa passou a ser a música que ela sempre pede para eu cantar ao colocá-la para dormir. Antes de adotarmos o "boi, boi, boi" como canção de ninar, a canção que cantávamos (em Inglês) dizia algo como:“Boa noite, linda menina, durma bem,sonhos doces venham para você,sonhos doces por toda noite"... (Que lindo, né mesmo!?) Eis que um dia Mary Helen me pergunta o que as palavras em português da música "Boi da cara preta" queriam dizer em Inglês: "Boi, boi, boi, boi da cara preta, pega essa menina que tem medo de careta..." (???) Como eu ia explicar para ela e dizer que, na verdade, a música "boi da cara preta" era uma ameaça, era algo como "dorme logo, cacete , senão o boi vem te comer"? Como explicar que eu estava tentando fazer com que ela dormisse com uma música que incita um bovino de cor negra a pegar uma cândida menina? Claro que menti para ela, mas comecei a pensar em outras canções infantis, pois não me sentiria bem ameaçando aquela menina com um temível boi toda noite... Que tal! "nana neném que a cuca vai pegar..."? Caramba... outra ameaça! Agora com um ser ainda mais maligno que um boi preto! Depois de uma frustrante busca por uma canção infantil do folclore brasileiro que fosse positiva e de uma longa reflexão, eu descobri toda a origem dos problemas do Brasil:. O problema do Brasil é que a sua população em geral tem uma auto-estima muito baixa. Isso faz com que os brasileiros se sintam sempre inferiores e ameaçados, passivos o suficiente para aceitar qualquer tipo de extorsão e exploração, seja interna ou externa.
Por que isso acontece? Trauma de infância! Trauma causado pelas canções da infância. Vou explicar: Nós somos ameaçados, amedrontados e encaramostragédias desde o berço! Por isso levamos tanta porrada da vida e ficamos quietos. Exemplificarei minha tese:“Atirei o pau no gato-to-to, mas o gato-to-to não morreu-reu-reu, Dona Chica-ca-ca admirou-se-se,do berrô, do berrô que o gato deu; Miaaau!” Para começar, esse clássico do cancioneiro infantil é uma demonstração clara de falta de respeito aos animais (pobre gato) e crueldade. Por que atirar o pau no gato, essa criatura tão indefesa? E para acentuar agravidade, ainda relata o sadismo dessa mulher sob a alcunha de "D. Chica". Uma vergonha! “Eu sou pobre, pobre, pobre, de marré, marré, marre, eu sou pobre, pobre, pobre, de marré de si. Eu sou rica, rica, rica, de marré, marré, marre, eu sou rica, rica, rica, de marré de si.” Colocar a realidade tão vergonhosa da desigualdade social em versos tão doces!! É impossível não lembrar do seu amiguinho rico da infância com um carrinho” cabuloso”, de controle remoto, e você brincando com seu carrinho de plástico... Fala sério!!!! “Vem cá, Bitu! vem cá, Bitu! Vem cá meu, bem vem cá não vou lá, não vou lá, não vou lá, tenho medo de apanhar”. Quem é o adulto sádico que criou essa rima? No mínimo ele espancava o pobre Bitú..“Marcha soldado,cabeça de papel!quem não marchar direito,vai preso pró quartel”. De novo ameaça: Ou obedece ou você vai se fu... não é a toa que brasileiro admite tudo de cabeça baixa.
“A canoa virou, foi deixar ela virar, foi por causa da (nome de pessoa) que não soube remar.” Ao invés de incentivar o trabalho em equipe, apoio mutuo, as crianças brasileiras são ensinadas a dedurar o dedo e condenar um semelhante: “Bate nele, mãe!!” “Samba lelê ta doente, tá com a cabeça quebrada, samba lelê ´precisava é de umas boas palmadas.” A pessoa conhecida como Samba-lelê, encontra-se com a saúde debilitada, necessita de cuidados médicos mas, ao invés de compaixão e apoio, a música diz que ela precisa de palmadas! Acho que o Samb lelê deve ser irmão do Bitu.
“O anel que tu me deste, era vidro e se quebrou, o amor que tu me tinhas era pouco e se acabou....” Como crescer e acreditar no amor e no casamento depois de ouvir essa passagem anos a fio? “O cravo brigou com a rosa, debaixo de uma sacada; o cravo saiu ferido, e a rosa despedaçada. O cravo ficou doente, a rosa foi visitar; o cravo teve um desmaio, a rosa pôs-se a chorar.” Desgraça, desgraça, desgraça!!! E ainda incita a violência conjugal (releia a primeira estrofe).Precisamos lutar contra essas lembranças, meus amigos!!! Nossos filhos merecem um futuro melhor!!!!
" (Não foi enviado o nome do autor)
"Somos o que repetidamente fazemos. A excelência, portanto, não é um feito, mas um hábito" - ARISTÓTELES

3 comments:

Gwendolyn Thompson said...

Ok, amigos, sejam benvindos ao espaço de comentários, e deixem aqui o seu sincero depoimento.

beijos

José Marques said...

Tudo o que se possa fazer por esta grande Senhora da Cultura Brasileira, ainda é pouco.
Tem uma simplicidade impar, que faz de nós tão pequeninos. Tem um talento e sobretudo uma voz espantosa que nos leva a voar pelas asas do vento até às coisas lindas deste mundo.
Eu é que agradeço seres minha amiga
José Marques

Menina do Rio said...

Musicas falam a linguagem universal. Cada uma com sua história, não importa o tema, nos fazem viajar, rir chorar, adormecer. Ela está presente em cada momento de nossas vidas.

Vim te deixar um beijo e desejos de um ótimo fim de semana!!